"E conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará" Evangelho de São João 8:32

quarta-feira, 17 de março de 2010

O Assunto agora é: Esporte!

Seguindo a pauta temática do Blog, aqui vai o meu "pitaco" sobre o meu esporte preferido, não diferente da maioria dos brasileiros: o futebol!

Tenho um ponto de vista acerca do futebol que não agrada a turma da época de Pelé, Rivelino, Zico, Beckenbauer. É o seguinte: Sejamos sensatos e racionais ao observar o futebol nos ultimos 20 anos, a coisa mudou demais da conta!

Não fosse assim, até o perfil do jogador de futebol é diferente; antes, até o uniforme era menor, as camisas dos times não eram como hoje, um cabide de patrocínios onde o escudo do clube aparece por sorte. Não. Antes, o espetáculo era apenas o esporte, aquilo que o cara sabia fazer com a bola nos pés, tanto que era comum, segundo meu falecido pai, que os adversários se encantassem e mutuamente se elogiássem.

Não é raro encontrar um Nilton Santos rasgando elogios ao Garrincha - tudo bem que eram da mesma equipe -, mas você encontrava o Jairzinho elogiando e até agradecendo por ser jogador de futebol numa época em que ele podia enfrentar o Pelé. O futebol era romântico.

Ir ao estádio de futebol não era somente um passeio para ver um esporte, mas para ver uma arte, sem a preocupação da violência nos estádios, sem se preocupar em a toda hora ser assaltado, insultado, humilhado. Dava gosto de ver os vídeos dos jogos de mais de 100 mil pessoas no Maracanã lotado, é nítida a magia que havia naquilo.

Pois bem, voltemos aos atuais fatos. Hoje, ao ir num estádio de futebol, são muitas as atrações e preocupações.

Primeiro, em questão de infraestrutura - aproveitando o ensejo de copa do mundo no Brasil - você já sofre com a dificuldade de acesso, o que causa estresse, onde o torcedor já chega exaltado no estádio, sem levar em consideração o consumo de bebidas alcoólicas, um agravante e tanto.

Em seguida, você tem medo de ser assaltado, tem medo de ter o patrimonio violado (o carro), tem medo de ser agredido por um torcedor adversário, ou até por um policial mal intencionado.

O porque de tudo isso? Caminhemos mais.

O jogo de futebol, em si, virou algo EXTREMAMENTE competitivo, isso por conta da transmutação da arte em mercado. Hoje, o clube é uma empresa, que tem obrigações, tem nome a manter, tem funcionários a pagar, tem uma imagem a zelar.

Para isso, o romantismo em valorizar no manto do clube o escudo tradicional já não prevalece; hoje se prioriza a quantidade de patrocinios que estarão estampados na camisa. E isso porque é o jeito, o clube precisa de dinheiro, e que se dane a tradição.

Tem mais.

Os nervos estão a flor da pele, e neste ponto, agradecemos a nossa "querida" imprensa sensacionalista esportista. 

Com todo o respeito, mas o veículos de informação valorizam por demais discussões ao vivo, muitas vezes de cunho pessoal, onde um jogador de um time fala algo que inflama o jogador do outro time, assim como os presidentes de clubes andam se alfinetando, fazendo surgir um sentimento no telespectador de rivalidade, de confronto, de nervosismo, o que começa a ser um sério problema.

Tais brigas e disccusões nos programas de televisão aumentam o ibope, mas também aumenta a pressão nos jogos, aumenta a competitividade dos jogadores, que sofrem muitas vezes de salários atrasados, de vaidades internas, de pressão da torcida, sem contar os aspectos de personalidade que varia de jogador para jogador para lhe dar com a situação.

Outro ponto importante é a estrutura física do jogador de futebol. Se formos continuar a seguir esta linha de raciocínio, levando-se em conta o todo exposto, o jogador nos dias atuais, para enfrentar todas essas situações, ainda sim, precisa estar fisicamente adequado ao esporte-profissão.

Isso é até engraçado, pois nos tempos em que eu era verdadeiramente "fominha" de bola, eu me lembro que nas escolhas dos times de baba-pelada-futebol, se priorizava a escolha do cara que era o "craque". Os chamados "pernas-de-pau" eram, ao máximo, escolhidos para serem os goleiros do momento. Só que o tempo passou e eu fui parar para observar como estão as coisas hoje em dia.

Em um determinando jogo de futebol que participei em Salvador, fui verificando as escolhas dos jogadores que iriam compor o jogo inicial, e fui observando que os primeiros a serem escolhidos não eram mais os craques, mas os FISICAMENTE BEM PREPARADOS, pois o interessante é que você tivesse no time um cara que aguentasse a correria todo o tempo.

Bom, se em um jogo insignificante como esse que presenciei a coisa já estava assim, o que diremos dos jogos profissionais?

Quando hoje você vê um Rooney, ou Cristiano Ronaldo, Drogba, Kaká, Adriano e cia dá pra se ter uma noção de que o cara para estar jogando, e principalmente os jogadores de ataque como estes que citei, não podem ser apenas bons, tem de ser fortes, ATLETAS, que aguentam o tranco numa trombada, que dividem a bola com os zagueiros em igualdade de condições. 

É uma coisa lógica, pois o futebol hoje é mais competitivo, mais duro, tem muito mais pressão externa, muito mais gente olhando - o mundo todo aliás - e o perfil atual é este, não tem para onde correr.

Diante de todo este cenário que vos apresento, ficam aquelas perguntas no ar: Tempos atrás era mais fácil jogar futebol? Será que a habilidade antes favorecida prevaleceria sobre a competitividade e força física hoje prevalecentes? Será que o Garrinha, por mais esperto que fosse, conseguiria escapar de levar uma pesada de um cara como o Arne Riise da Roma e da Seleção da Noruega? Será que o Adriano teria dificuldades de, no corpo a corpo, vencer o Britto ou o Piazza? Quem sabe o Beckembauer? Entendem o que estou dizendo?

Eu respeito a opinião dos meus tios mais velhos, inclusive a opinião que o meu pai tinha, mas, com TODO O RESPEITO, eu entendo que hoje em dia, do jeito que a coisa está, dificilmente os grandes craques do passado teriam vida fácil, não tenham duvidas.

Mas preciso concluir esta história, e fecho da seguinte maneira: Antes, o futebol era aquilo que eu sempre gostei, pois havia o romantismo, a beleza, a arte, o respeito e o cunho de lazer no esporte. Hoje, já me encontro inserido no contexto da violência, do futebol força, da dificuldade de todo o sistema de futebol, o que são coisas que tiram o brilho e acabo me contentando em lembrar dos velhos craques, que tanto fizeram e foram fantásticos. 

De outra banda, confesso que o futebol de hoje, apesar dos maravilhosos gramados e de toda grana que os caras ganham, é mais dificil, justamente por isso, onde a carga é mais pesada, a exigência é infinitamente maior.

Assim, que continuemos a observar estes que aí estão e o sistema que aí está, mas sem trazer para a vida pessoal o aspecto de paixão exacerbada que existe por aí, onde o clube de futebol ganha status de algo a ser adorado. 

Quando entramos por este caminho, estamos desafiando nossa propria natureza de adoração que nos é inerente, pois o Único que é digno de adoração é o nosso Senhor Jesus. Tratemos o futebol como um lazer, sem alimentar maus sentimentos e sem errar o foco da coisa.  Era isso.


R.H